[entrevistafutsal] A expressão, repetida na conversa que teve com O MENSAGEIRO , é do seleccionador português de futsal, Orlando Duarte. O também técnico da selecção “A”, encontra-se em Leiria, até ao próximo dia 11, com os jovens estudantes que irão representar Portugal no Campeonato do Mundo Universitário de Futsal, que decorrerá de 27 de Agosto a 3 de Setembro, na Polónia. Apesar da experiência que tem com os métodos técnicos e tácticos, é à formação humana que Orlando Duarte dá primazia.
Enquanto figura do desporto, como vê a prática nas universidades?
Desporto é desporto e, por isso, não podemos dissociar o desporto universitário das outras vertentes. O problema é que, infelizmente, neste país ainda conseguimos ter desporto escolar, universitário e federado, tudo separado, quando devia de estar tudo interligado.
Ainda assim, tem havido “frutos”…
Em relação ao desporto universitário, e concretamente ao futsal universitário, a melhor resposta que se poderia dar, é que, desde 1998, sensivelmente, já passaram por aqui – selecção nacional universitária – cerca de uma dezena de atletas. Hoje também já integram a selecção nacional “A”. Acho que esta é a melhor resposta que se poderia dar, quanto à importância da Liga Universitária de Futsal (LUF), ou do antigo Campeonato Nacional Universitário (CNU).
Ainda assim, o relacionamento com os clubes desses atletas não deve ser pacífico. Como vê a gestão de interesses entre clubes e universidades?
Entendo que não deve ser fácil. Eu, enquanto treinador, e aquando dos antigos CNU´s, nunca tive problemas que os meus atletas jogassem. Agora temos que pensar que, actualmente, já há clubes profissionais, que pagam bem, demasiado bem, aliás, para que possam ter um contratempo, em relação a lesões com os seus atletas. Nesse aspecto, eu sempre tive, e espero continuar a ter, sensibilidade para gerir esses interesses. Só se é universitário uma vez na vida. E há que viver esse período com intensidade, independentemente de, neste caso, os atletas serem profissionais ou amadores.
Mas entende que os clubes quererão precaver-se de eventuais lesões…
É evidente que corremos riscos, mas isso é uma realidade que pode ocorrer a qualquer hora e em qualquer lugar. A título de exemplo: um dia tive um atleta, amador, que não compareceu no último treino da semana, porque tinha caído em casa, na banheira, e sofrido uma lesão nas costas. Por isso, eu não me preocupo com essa questão, não sou pessimista. Aliás, pelos distritais de Lisboa, onde treinei antes da Selecção Nacional, passaram atletas como o João Benedito, Gonçalo e Miguel Fernandes, que jogavam nos CNU´s e à noite chegavam ao treino, diziam-me e eu geria o treino deles.
Esta é uma realidade que ocorre, essencialmente, nos clubes profissionais. Parece-me ainda que o problema não é só dos treinadores. Se calhar os dirigentes também os pressionam… No entanto, eu não gosto de me pôr na pele dos outros. Falo porque sempre consegui gerir esse aspecto, e nunca me dei mal, antes pelo contrário. Quanto aos outros treinadores, que façam como entenderem.
A alteração ao actual formato da LUF (jogos à quinta-feira) seria uma forma de harmonizar interesses?
Penso que não há muita volta a dar-lhe. Ainda assim, uma solução, e porque ainda há clubes que só treinam três vezes por semana (segundas, terças e quintas-feiras), passaria pela realização das jornadas da LUF à quarta-feira. Aí facilitava bastante, inclusivamente os clubes poderiam ter maior abertura para a participação dos seus atletas. No fundo, a participação na LUF, seria mais um treino que teriam por semana. Sinceramente, não me parece muito interessante que os jogos sejam à quinta-feira.
Acha, então, que está a perder-se um possível salto qualitativo…
Se queremos uma LUF de qualidade e depois quase que não deixamos que os atletas federados participem, porque têm treinos à quinta-feira, entramos em contradição! Independentemente de serem federados ou não, são tão universitários como os outros e, por isso, têm os mesmos direitos. Penso que se fosse à quarta-feira, teríamos mais jogadores e aumentaríamos ainda mais a qualidade da LUF.
Findos os períodos de estágio segue-se a “operação Polónia”. O que podem esperar os portugueses da sua selecção?
Há que ter cuidado com o Quirguistão, que não conhecemos de lado nenhum, e é logo o primeiro jogo! A Ucrânia (campeã em título) deverá jogar com a selecção “A”, como sempre faz nos mundiais universitários, onde jogam com estudantes de primeiro ano, não sei como! Quanto à China, estive lá há pouco tempo a dar formação e verifiquei que tem jogadores, universitários, muito interessantes na selecção “A”! São equipas que nos vão criar dificuldades.
É evidente que o que nós queremos é ganhar… o grupo, se possível. Passando à fase seguinte, queremos ir o mais longe possível.
É desta que Portugal sobe ao pódio?
Vamos ver… Temos três quartos lugares, sendo que as meias-finais têm sido uma lástima – perdemos nas grandes penalidades ou por um golo de diferença! Claro que o intuito é sempre esse: lutar pelos três primeiros lugares. Enquanto treinador entro sempre para ganhar, agora se outros forem melhores, nada a fazer. Mas vamos com a convicção de que queremos ir longe.
Mas nem só de futsal se cinge esta deslocação à Polónia…
Em termos culturais e sociais, é importante para eles. A evolução enquanto atletas é necessária, mas ainda mais o seu crescimento enquanto homens. É importante que conheçam novas culturas e novas gentes, porque no fundo eles um dia até poderão vir a ocupar cargos importantes neste país. Esta passagem, e este período, poderá criar neles referências. Por isso dizia, e volto a repetir, que a vivência universitária é muito importante nesta fase das suas vidas. in O MENSAGEIRO
Enquanto figura do desporto, como vê a prática nas universidades?
Desporto é desporto e, por isso, não podemos dissociar o desporto universitário das outras vertentes. O problema é que, infelizmente, neste país ainda conseguimos ter desporto escolar, universitário e federado, tudo separado, quando devia de estar tudo interligado.
Ainda assim, tem havido “frutos”…
Em relação ao desporto universitário, e concretamente ao futsal universitário, a melhor resposta que se poderia dar, é que, desde 1998, sensivelmente, já passaram por aqui – selecção nacional universitária – cerca de uma dezena de atletas. Hoje também já integram a selecção nacional “A”. Acho que esta é a melhor resposta que se poderia dar, quanto à importância da Liga Universitária de Futsal (LUF), ou do antigo Campeonato Nacional Universitário (CNU).
Ainda assim, o relacionamento com os clubes desses atletas não deve ser pacífico. Como vê a gestão de interesses entre clubes e universidades?
Entendo que não deve ser fácil. Eu, enquanto treinador, e aquando dos antigos CNU´s, nunca tive problemas que os meus atletas jogassem. Agora temos que pensar que, actualmente, já há clubes profissionais, que pagam bem, demasiado bem, aliás, para que possam ter um contratempo, em relação a lesões com os seus atletas. Nesse aspecto, eu sempre tive, e espero continuar a ter, sensibilidade para gerir esses interesses. Só se é universitário uma vez na vida. E há que viver esse período com intensidade, independentemente de, neste caso, os atletas serem profissionais ou amadores.
Mas entende que os clubes quererão precaver-se de eventuais lesões…
É evidente que corremos riscos, mas isso é uma realidade que pode ocorrer a qualquer hora e em qualquer lugar. A título de exemplo: um dia tive um atleta, amador, que não compareceu no último treino da semana, porque tinha caído em casa, na banheira, e sofrido uma lesão nas costas. Por isso, eu não me preocupo com essa questão, não sou pessimista. Aliás, pelos distritais de Lisboa, onde treinei antes da Selecção Nacional, passaram atletas como o João Benedito, Gonçalo e Miguel Fernandes, que jogavam nos CNU´s e à noite chegavam ao treino, diziam-me e eu geria o treino deles.
Esta é uma realidade que ocorre, essencialmente, nos clubes profissionais. Parece-me ainda que o problema não é só dos treinadores. Se calhar os dirigentes também os pressionam… No entanto, eu não gosto de me pôr na pele dos outros. Falo porque sempre consegui gerir esse aspecto, e nunca me dei mal, antes pelo contrário. Quanto aos outros treinadores, que façam como entenderem.
A alteração ao actual formato da LUF (jogos à quinta-feira) seria uma forma de harmonizar interesses?
Penso que não há muita volta a dar-lhe. Ainda assim, uma solução, e porque ainda há clubes que só treinam três vezes por semana (segundas, terças e quintas-feiras), passaria pela realização das jornadas da LUF à quarta-feira. Aí facilitava bastante, inclusivamente os clubes poderiam ter maior abertura para a participação dos seus atletas. No fundo, a participação na LUF, seria mais um treino que teriam por semana. Sinceramente, não me parece muito interessante que os jogos sejam à quinta-feira.
Acha, então, que está a perder-se um possível salto qualitativo…
Se queremos uma LUF de qualidade e depois quase que não deixamos que os atletas federados participem, porque têm treinos à quinta-feira, entramos em contradição! Independentemente de serem federados ou não, são tão universitários como os outros e, por isso, têm os mesmos direitos. Penso que se fosse à quarta-feira, teríamos mais jogadores e aumentaríamos ainda mais a qualidade da LUF.
Findos os períodos de estágio segue-se a “operação Polónia”. O que podem esperar os portugueses da sua selecção?
Há que ter cuidado com o Quirguistão, que não conhecemos de lado nenhum, e é logo o primeiro jogo! A Ucrânia (campeã em título) deverá jogar com a selecção “A”, como sempre faz nos mundiais universitários, onde jogam com estudantes de primeiro ano, não sei como! Quanto à China, estive lá há pouco tempo a dar formação e verifiquei que tem jogadores, universitários, muito interessantes na selecção “A”! São equipas que nos vão criar dificuldades.
É evidente que o que nós queremos é ganhar… o grupo, se possível. Passando à fase seguinte, queremos ir o mais longe possível.
É desta que Portugal sobe ao pódio?
Vamos ver… Temos três quartos lugares, sendo que as meias-finais têm sido uma lástima – perdemos nas grandes penalidades ou por um golo de diferença! Claro que o intuito é sempre esse: lutar pelos três primeiros lugares. Enquanto treinador entro sempre para ganhar, agora se outros forem melhores, nada a fazer. Mas vamos com a convicção de que queremos ir longe.
Mas nem só de futsal se cinge esta deslocação à Polónia…
Em termos culturais e sociais, é importante para eles. A evolução enquanto atletas é necessária, mas ainda mais o seu crescimento enquanto homens. É importante que conheçam novas culturas e novas gentes, porque no fundo eles um dia até poderão vir a ocupar cargos importantes neste país. Esta passagem, e este período, poderá criar neles referências. Por isso dizia, e volto a repetir, que a vivência universitária é muito importante nesta fase das suas vidas. in O MENSAGEIRO
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